Quando se planeja escrever sobre algo que você tem paixão, pensa-se em organizar todo o turbilhão de idéias que isso lhe proporciona para não faltar nada e não ter que voltar atrás, buscar o esquecido e começar tudo novamente a partir de outra idéia. Também faz-se planos da melhor maneira de escrever, qual a melhor forma, qual delas oferece melhor compreensão, a mais resumida ou mais completa, afinal é sobre uma paixão que estamos falando, e esta no meu caso, é o cinema.
Começo este espaço com a pergunta “aonde quero chegar com esta paixão?” O cinema tem sido isso há muitos anos. Quando ingressei na faculdade de Publicidade e Propaganda em Foz do Iguaçu no ano 2000 me perguntei, se eu gostava tanto de cinema porque fazer uma faculdade de propaganda? Mesmo assim fiz. Ainda no início do curso tive a oportunidade de fazer uma atividade extracurricular em Direção de Cinema e lembro do cineasta Percy Tamplin dizendo: “Se você descobre que um filme é bom na primeira cena, acredite, você já é apaixonado pelo cinema.”
E ele disse isso não porque soa como regra de se descobrir bons filmes, mas sim porque ele sabia que em um mundo mágico como o cinema, independente de cenas, não precisa fazer muita coisa para te cativar.
Acreditando nisso virei cinéfilo de carteirinha e esse mundo cinematográfico representaria toda suposta realidade da minha vida e a cada cena “lavaria” o meu olhar para encontrar nos filmes suas diferentes realidades. E essa força que o cinema tem em nossas vidas passa por cima daquilo que procuramos para concordar ou contrapor nossas idéias. É como por exemplo conversar com uma pessoa conhecida, um amigo ou familiar. O cinema passa pelas veias invisíveis do cotidiano, e continua no nosso inconsciente preenchendo o reflexo e a representação que temos da realidade.
Compreender a vida sempre teve sua forma crua de realidade e o cinema veio para anestesiar todos esses sentimentos. Já somos acostumados a encher os olhos com as produções hollywoodianas e acreditar inconscientemente nos personagens destas produções, pessoas frias e esquizofrênicas. Os franceses dos anos 70, descolados, intelectuais e sexualmente liberais ou os asiáticos que gritavam em forma de poesia sua cultura, crenças e valores. Cada um tem o cinema a representação de sua realidade.
Também temos como exemplo as frases e os personagens que citamos e copiamos no nosso cotidiano, seja propositalmente ou até mesmo sem querer. Ou então, nas situações que acontecem em nossa vida e concluímos que tudo passou na nossa frente como um “filme” ou que tal situação era “cena de um cinema”. É a projeção do que somos e do que queremos ser, afinal nosso comportamento, nossa realidade precisa estar baseada em alguma coisa, ainda mais quando ela é cinematográfica.
Ao finalizar minha Pós- graduação em cinema em Curitiba descobri que todo tipo de cinema é bom, seja ele entretenimento, documental ou independente, cada um representa uma realidade de alguma forma. No meu caso aprecio mais uma obra que outra quando esta se expressa de forma diferente, fora do comum. Essa é minha realidade e, creio, de muitos amantes da sétima arte. Um filme que foge dos clichês precisa sua atenção especial, pois de comum já basta o cotidiano.
Para escrever sobre essa paixão, reúno todas as cenas, frases, personagens, realidades, não apenas a que quero representadas, mas todas. Filmes, bons ou não, que circulam no turbilhão das minhas idéias. Sendo assim, se precisar voltar ao inicio, e acredito ser necessário, buscarei o esquecido para traçar um novo caminho. Quero convidá-los a me acompanhar para compartilharmos esse turbilhão de idéias e vidas que o cinema nos proporciona. Não prometo chegarmos a uma verdade. Afinal nossa realidade muda a cada dia e como o cinema é reflexo disso tudo, entender essa dinâmica é necessário.
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