Um país, seja qual for, quando carrega na sua história o fardo da destruição, homicídio e vergonha é difícil perante ao mundo resgatar novamente o brilho de uma nação. O Holocausto por exemplo, através de um desejo profundamente nacionalista de recuperar o brilho do passado, viabilizou o crescimento de um “câncer” que se alastrou sobre uma sociedade envergonhada do extermínio de mais de seis milhões de pessoas. É desse sentimento de vergonha do povo alemão, no período pós-guerra que move a trama do ótimo “O Leitor”.
A história é sobre um jovem estudante na Alemanha Oriental em 1958, Michael Berg (David Kross) conhece por acaso a misteriosa Hanna Schmitz (Kate Winslet) ao ser ajudado por esta quando passava mal em função de uma febre. Depois de curado, ele procura a mulher para agradecer e, quando se dá conta, já está na cama com a mulher, que, bem mais velha, o apresenta às maravilhosas possibilidades do sexo. Conhecendo um relacionamento diferente da frieza que o tem com sua família, Michael se vê apaixonado por Hanna, que, antes de cada relação sexual, pede que o rapaz leia algo (um livro ou gibi) para sua satisfação. No entanto, subitamente Hanna desaparece da vida de Michael, este acaba se tornando uma rapaz triste e solitário. Alguns anos passam, Michael torna-se estudante de Direito e reencontra uma ex-nazista sendo julgada por um terrível crime de guerra cometido quando era responsável por 300 prisioneiras judias. Esta ex-nazista é Hanna.
Em seu primeiro trabalho em Hollywood, o jovem ator alemão David Kross impressiona por sua atuação e constrói um Michael que não consegue acreditar na sorte de encontrar uma mulher experiente, bonita e que se entregue a ele sem pudores. Com o passar do tempo da trama, mais seguro de si, não consegue livrar-se da sua carência emocional quando encontra Hanna, mostra que a mulher foi uma figura importante em sua vida. Já quando o vemos como universitário, David já convence ao representar Michael universitário como um garoto solitário e introspectivo, o que facilita o espectador identificar ao encontrar Michael em sua versão adulta (Ralph Fiennes).
Como uma das melhores da sua geração, Kate Winslet como de costume entrega-se ao papel, abandona a beleza ao surgir com as axilas não depiladas, estabelece Hanna como uma mulher ignorante que usa o sexo como forma de comunicação com o jovem Michael. A fim de mostrar a profunda intimidade física entre os personagens, Winslet (como de costume) não demonstra restrição ao aparecer completamente nua em cena. Fora isso, é o segredo da miserável Hanna que fascina do ponto de vista psicológico e Winslet representa isso maravilhosamente, a sua vergonha em função de uma deficiência particular. Curioso também é quando Hanna é confrontada com seu antigo crime, suas atitudes e crença absoluta, surgem aos olhos de Michael uma criatura de repulsa e pena. E tudo isso representa o sentimento de culpa do povo alemão no pós-guerra, os julgamentos realizados nessa época, serviam como purgação da culpa interna e como um doloroso tapa na cara no orgulho alemão. O julgamento da figura Hanna, era a acusação contra o povo alemão que no mínimo cometera o crime de omissão ao não se interessar pelo que passava nos campos de concentração.
Escrito por David Hare, a partir do livro de Bernhard Schlink, e dirigido por Stephen Daldry (As Horas) pecam apenas na utilização de estilos narrativos artificiais e melodramáticos e “O Leitor” não tem nada disso. O filme é tristeza, solidão e vergonha. É um filme sobre alimentar e evitar pensar no passado. Um país, novamente seja ele qual for, que vive eternamente da angústia do saber e nada fazer e que a dor e a vergonha sobre a cumplicidade e a omissão acompanham o passado e o futuro de qualquer um.
A história é sobre um jovem estudante na Alemanha Oriental em 1958, Michael Berg (David Kross) conhece por acaso a misteriosa Hanna Schmitz (Kate Winslet) ao ser ajudado por esta quando passava mal em função de uma febre. Depois de curado, ele procura a mulher para agradecer e, quando se dá conta, já está na cama com a mulher, que, bem mais velha, o apresenta às maravilhosas possibilidades do sexo. Conhecendo um relacionamento diferente da frieza que o tem com sua família, Michael se vê apaixonado por Hanna, que, antes de cada relação sexual, pede que o rapaz leia algo (um livro ou gibi) para sua satisfação. No entanto, subitamente Hanna desaparece da vida de Michael, este acaba se tornando uma rapaz triste e solitário. Alguns anos passam, Michael torna-se estudante de Direito e reencontra uma ex-nazista sendo julgada por um terrível crime de guerra cometido quando era responsável por 300 prisioneiras judias. Esta ex-nazista é Hanna.
Em seu primeiro trabalho em Hollywood, o jovem ator alemão David Kross impressiona por sua atuação e constrói um Michael que não consegue acreditar na sorte de encontrar uma mulher experiente, bonita e que se entregue a ele sem pudores. Com o passar do tempo da trama, mais seguro de si, não consegue livrar-se da sua carência emocional quando encontra Hanna, mostra que a mulher foi uma figura importante em sua vida. Já quando o vemos como universitário, David já convence ao representar Michael universitário como um garoto solitário e introspectivo, o que facilita o espectador identificar ao encontrar Michael em sua versão adulta (Ralph Fiennes).
Como uma das melhores da sua geração, Kate Winslet como de costume entrega-se ao papel, abandona a beleza ao surgir com as axilas não depiladas, estabelece Hanna como uma mulher ignorante que usa o sexo como forma de comunicação com o jovem Michael. A fim de mostrar a profunda intimidade física entre os personagens, Winslet (como de costume) não demonstra restrição ao aparecer completamente nua em cena. Fora isso, é o segredo da miserável Hanna que fascina do ponto de vista psicológico e Winslet representa isso maravilhosamente, a sua vergonha em função de uma deficiência particular. Curioso também é quando Hanna é confrontada com seu antigo crime, suas atitudes e crença absoluta, surgem aos olhos de Michael uma criatura de repulsa e pena. E tudo isso representa o sentimento de culpa do povo alemão no pós-guerra, os julgamentos realizados nessa época, serviam como purgação da culpa interna e como um doloroso tapa na cara no orgulho alemão. O julgamento da figura Hanna, era a acusação contra o povo alemão que no mínimo cometera o crime de omissão ao não se interessar pelo que passava nos campos de concentração.
Escrito por David Hare, a partir do livro de Bernhard Schlink, e dirigido por Stephen Daldry (As Horas) pecam apenas na utilização de estilos narrativos artificiais e melodramáticos e “O Leitor” não tem nada disso. O filme é tristeza, solidão e vergonha. É um filme sobre alimentar e evitar pensar no passado. Um país, novamente seja ele qual for, que vive eternamente da angústia do saber e nada fazer e que a dor e a vergonha sobre a cumplicidade e a omissão acompanham o passado e o futuro de qualquer um.